Enquanto
contemplava minuciosamente uma pétala de rosa que se desprendeu de sua linda
casa e foi levada pela leve brisa do vento daquela manha de segunda feira até a
minha pessoa apressada, de maneira que pode pousar tranquilamente na palma de
minha mão seca e sem vida, senti um aperto imenso em meu coração. Tal momento
me emocionou como nenhum outro me emocionava há muito tempo. Parecia que a
natureza estava me dizendo naquele ato sincero e simples que o amor ainda corria
em minhas veias, no meu corpo, mesmo eu acreditando com todas as forças que
não. Para minha surpresa a pétala se agradou muito da minha companhia e em
poucos segundos já havia me causado uma alegria tremenda; sentimento que não
tinha há muito tempo. Quando dei por mim já estava sentindo fluir o amor dentro
de meu corpo e ser. Uma chama fraca e quase sem vida, mas que queimava, e isso
era de extrema importância.
O
momento fez-me lembrar de minha amada Elizabeth Jones. Me fez lembrar de seus
longos cabelos negros como a noite que fascinavam qualquer um que visse e davam
forças para continuar a lutar nós próximos dias de guerra que viriam. Me fez lembrar
de seu sorriso angelical; verdadeira obra de arte do grande Deus.
Sem perceber fui
engolido pela rotina diária e cheia de obrigações. A vida de um operário na
cidade grande exigia muito mais do que aparentava e quando você se dava conta,
seu corpo já havia sido levado pelas sombras. Quando se percebia, já havia
ocorrido a tão perversa metamorfose sem se importar com querer algum, no
entanto, ver aquela pétala cor de rosa como os lábios de minha adorada, quebrou
instantaneamente essa transformação maldita e me devolveu minha tão querida e
preciosa humanidade, junto com as lembranças e o reconhecimento da importância da
mulher que mais amava.
Lagrimas
correram por sobre meu rosto como cachoeira por causa de um momento tão
simples, mas de significado monumental. A natureza num ato singelo, mas
poderoso, conseguiu devolver a minha essência e os pequenos e grandes detalhes
que me faziam homem.
Levantei
aos céus a mágica e bondosa pétala cor de rosa que estava em minhas mãos e dei
a ela todos os meus sentimentos, as confissões e os aprendizados adquiridos
naqueles segundos que fiquei em sua companhia. Agradeci a ela por tudo e depois
a entreguei aos ventos com um sopro. Coloquei nela os pensamentos mais
sinceros, no caso, os mesmos que escrevo aqui. Pedi para que o vento, em sua
infinita grandeza, força, sabedoria e experiência adquirida ao longo de bilhões
de anos de existência, levasse essa mensagem para a minha Elizabeth, na
esperança de que ela ainda não tivesse esquecido de tudo. Na esperança de que
mesmo se ela tivesse olvidado tudo, a pétala, e a mensagem carregada por ela,
pudesse trazer a chama de volta ou fazê-la perceber que o fogo ainda queimava...
Como fez comigo.
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